Buscape

domingo, 31 de outubro de 2010

Tapetes arraiolos:

     A verdadeira origem do Ponto de Arraiolos (ou ponto cruzado oblíquo), que é uma variante do ponto cruz, ainda hoje é considerada um mistério, sabendo-se no entanto que foi divulgado na Península Ibérica pelos mouros.

       Julga-se que a técnica dos bordados de Arraiolos tenha sido iniciada após 1496, com a chegada dos mouros a esta vila. A presença muçulmana em território português nomeadamente, no actual espaço da vila de Arraiolos, trouxe novas técnicas, que em acréscimo à tradição da população em tecelagem (como, cardação, fiação e tingimento das lãs e fabricação das telas), terá culminado no que é hoje o tapete de Arraiolos. Esta troca de ideais terá favorecido o comércio entre a população indígena e a sociedade islâmica, tanto de matéria-prima como de produtos já terminados.

        Embora, os tapetes de Arraiolos mais antigos sejam datados de meados do século XVII, sabe-se que é preciso um longo prazo para que uma técnica atinja o seu apogeu, supondo-se que por essa época a manufactura dos tapetes de Arraiolos já estaria bastante desenvolvida na hoje vila de Arraiolos.

    À parte da técnica de fabricação, no que diz respeito à organização pré-decorativa dos tapetes, as regras e princípios adoptados são originários da Pérsia, no entanto as decorações não têm esta origem.

       Actualmente podemos encontrar Tapetes bordados com os mesmos motivos usados no século XVII, como por exemplo o Correntes e o Anjos, ou no século XVIII, como é o caso do Seminário, já no século XIX temos o Flores, o Bonecos e o Setiais. No entanto, uma panóplia de novos motivos têm surgido, mas no fundo o fundamental é manter a técnica de bordar intacta para que se evite perder este ícone cultural, como a arte de bem bordar os originais tapetes de Arraiolos pelas preciosas mãos das Tapeteiras desta zona.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Tapetes Arraiolos:

Tapetes de Arraiolos é a designação que se dá aos bordados a lã de diversas cores sobre tela de linho, estopa, grossaria ou canhamaço. O ponto cruzado oblíquo foi adoptado pela decoração arraiolense - a sua execução obedece ao processo de fios contados atapetando inteiramente o fundo do campo e da barra. O ponto cruzado aparece na Península desde o século XII, sendo manifesta a utilização duma técnica com características muçulmanas (Espanha recorre à seda, Portugal à lã).
Embora sendo um ponto já praticado por povos eslavos, a sua divulgação em território ibérico deve-se aos Mouros. A laboração mourisca está documentada em Lisboa desde inícios do século XV e, embora se desconheça o género de tapetes bordados, tudo leva a crer que fossem alcatifas de felpa do tipo hispano-mourisco. Apesar da técnica do bordado de Arraiolos ser conhecida na Península desde o século XII, não podemos atribuir com segurança a sua origem aos tapetes portugueses dos século XV e XVI.
Arraiolos terá sido um dos locais onde se estabeleceram algumas das famílias mouriscas expulsas por D. Manuel I em 1496. Localizaram-se na região do Alentejo, onde deitara raízes a influência do Islão, e, sob a aparência da recente conversão, apoiaram-se nos mesteres que tradicionalmente exerciam. Iniciaram uma manufactura que usava uma técnica posteriormente denominada de ponto de Arraiolos, cuja referência mais antiga data de 1699. No decorrer da primeira metade do século XVIII, Arraiolos já fornecia outras regiões do País, tornando-se no principal centro deste tipo de bordado. Os tapetes eram habitualmente utilizados no arranjo decorativo da casa portuguesa do século XVIII (revestimento de paredes, mesas e arcas, e cobertura de pavimentos).
Para que tal prática se desenvolvesse, apoiada num sólido saber tintureiro, foram necessários anos de tradição, o que nos faz pensar que ainda antes da segunda metade do século XVII se encontrava bem desenvolvida a manufactura de Arraiolos. Na primeira metade de Seiscentos, os mercadores que transaccionavam alcatifas espanholas e orientais recorreram à experiência alentejana, com a ideia de que seria possível fazer exemplares com decorações persas, muito apreciadas entre nós. Rapidamente a origem mourisca dos tapetes deu lugar à influência oriental, no que de mais original e sugestivo a caracterizava, criando um gosto que se espalha aos conventos e casas nobres. Imitaram-se sobretudo os modelos da Pérsia Oriental e das regiões do Noroeste, embora com a técnica simples do bordado a lã e da policromia limitada de algumas cores vegetais.
A influência que primeiro se fez sentir foi a da composição e organização do tapete - determinam-se as dimensões totais e traçam-se duas linhas perpendiculares que dividem a superfície em quatro partes iguais: o eixo longitudinal e o transversal, em torno dos quais se dispõem simetricamente os ornatos. O suporte é dividido em dois pólos - campo e barra. É incluído um ornato central na intersecção dos dois eixos, dividindo o tapete em três partes - centro, campo e barra. A decoração da barra faz-se sempre com motivos distintos dos do campo, e o centro afirma-se também como zona independente das restantes. O fundo cromático do campo e da barra é distinto, diferindo o do ornato central do escolhido para o campo.
O ornato central obedece a proporções exactas e, no campo, domina a preocupação da simetria. A barra emoldura a composição através de um motivo continuado e, por vezes, é acompanhada de uma ou mais bandas estreitas. A nível decorativo, a influência persa é patente na simbologia da cor (exemplares antigos) e do ornato (flores, folhas lanceoladas, palmetas, lótus, palmeira caucasiana, cipreste, arabescos, motivo Herati e motivo de nuvem). A influência turca na decoração, extremamente estilizada à semelhança da persa, elege motivos como os cravos, túlipas, jacintos e temas geométricos - círculo, estrela de oito pontas, octógono, cruz, triângulo e espinha de peixe.
A decoração vegetal e geométrica foi também combinada com motivos animalistas de inspiração oriental (tigre, veado, papagaio, pavão, gazela, serpente, etc.) e motivos populares (chave, bonecos, corações, galinhas, etc.), criando um tipo de padronagem singular, original e envolvente. A influência das colchas indo-portuguesas também se faz sentir, sobretudo na adopção do motivo da águia bicéfala e do tema dos Cinco Sentidos.
A nível cromático, os tapetes antigos utilizam muito o roxo e o vermelho, o rosa, a cor de carne, o amarelo torrado e a cor de pulga (castanho), obtidos a partir do pau-brasil. O azul vinhado anil foi, juntamente com o amarelo, um dos tons dominantes do século XVIII. O verde era obtido através da lã tingida com azul, mergulhando-a em amarelo.
Lentamente, a partir da primeira metade do século XVIII, a decoração oriental como um todo deixa de fazer parte das composições, embora subsistam motivos isolados a par com outros de origem nacional e europeia. No primeiro terço do século XIX, a influência persa deixou de existir a nível decorativo, mantendo-se no entanto a nível do esquema de composição do tapete.
Inicialmente, os tapetes foram classificados por épocas: segunda metade do século XVII - trabalho conventual com rica policromia e transposição de motivos persas; transição para a segunda época, com os primeiros trabalhos da indústria de Arraiolos; século XVIII (dois terços iniciais) - motivos orientais isolados a par com motivos populares; último terço do século XVIII e primeira metade do século XIX - a inspiração vegetalista e floral invade o campo e praticamente suprime a barra e o ornato central.
Posteriormente recorre-se à classificação por padrões: padrão geométrico, de influência hispano-mourisca; padrão floral, com ornatos vegetalistas mais ou menos estilizados; padrão de rosetas, com cor opulenta, grandes rosetas e personagens historiadas; padrão oriental, de bichos combinados com elementos florais; finalmente, padrão de ramagens, com o campo inteiramente preenchido por motivo floral.
Esta última classificação é, apesar de tudo, insuficiente, pois existem tapetes com grande número de sincretismos decorativos. Actualmente optou-se por valorizar individualmente cada exemplar, observando a sua decoração na globalidade, identificando o material, a técnica, a policromia e a densidade do bordado, de modo a tentar fazer uma correcta avaliação do exemplar.

O tapete oriental é feito à mão, com pontos de nós (Persa ou Turco), amarrados um a um nos fios da trama, passados sobre os fios do urdume, firmemente fixados no tear. Os materiais usados são sempre a lã, o algodão e a seda.


A Lã é o material empregado com mais freqüência nos tapetes orientais. Também são usados pelos de cabra e de camelo, bem como fios de seda (é provável que os tapetes em seda tenham sua origem na China posto que o bicho da seda é lá cultivado) e algodão, porém em extensão mais reduzida.

Os Killins são tapetes com a face tecida em trama, sem nós, formando felpos. A padronagem é conseguida a partir de fios coloridos da trama, visíveis nos dois lados da peça. Os Killins, tecidos em todo Oriente Médio, suportam muito bem o uso constante e possuem seu próprio encanto.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O charme dos orientais

Os tapetes orientais são peças que, além de valorizarem a decoração, possuem um valor inestimável. Isso porque eles atravessaram os séculos sem perder a magia e o mistério da sua história. Independente do lugar de onde tenham sido feitos, são quase todos tecidos da mesma maneira.
Os tapetes orientais incluem os persas, tibetanos, turcos, indianos e chineses, entre outros. O material básico empregado na confecção desses tapetes é a lã e, em menor escala, a seda, podendo-se encontrar, também, peças feitas com pêlos de cabra e de camelo, ou mesmo fios de algodão
O proprietário da Galeria Persa, com 60 anos de tradição nesse ramo, diz que, em termos de tapetes manufaturados, os que têm mais qualidade são os persas. "O tapete persa não desbota nem provoca alergia", diz Áli Mirfenderesky.
Muita gente pensa que os tapetes orientais só ficam bem em ambientes clássicos. Porém, existem muitos estilos de tapetes. "O gabbeh, por exemplo, é muito procurado por clientes mais jovens, que querem dar um ar mais moderno às suas casas", diz Luciano Coutinho, um dos proprietários da Gallery Persa.
Para Eneida Neumann, proprietária da Royal Art - Tapetes Persas, o tapete é uma peça muito pessoal. "É como uma roupa. Cada cliente gosta de um estilo", diz.
Um tapete oriental pode durar décadas e, bem cuidado, com certeza passará de geração a geração. Pode custar entre R$ 100 a R$ 2 mil o metro quadrado. Esse preço depende do tamanho do nó e da qualidade da lã.

Na hora de comprar

- Tapetes de cores fortes combinam melhor com sofás e poltronas claras ou neutras. Assim, o ambiente não fica sobrecarregado.
- Os tapetes e carpetes de nylon são os mais resistentes e os mais fáceis de limpar. Depois, vêm os de poliester. Os fabricantes, geralmente, apontam a composição dos tapetes nas etiquetas.
- Alguns tapetes já vêm com uma proteção de impermeabilização, que retém a sujeira na superfície, evitando que penetre no tapete. Algumas lojas fazem esse serviço, ideal para quem tem crianças pequenas.
- Os tapetes de banheiro, de cozinha e de área de serviço devem ser sempre emborrachados.

Como conservar

Para tirar o pó utilize uma vassoura e, esporadicamente, o aspirador.

A cada seis meses coloque o avesso do tapete para cima no sol e em local ventilado.

Para secar líquidos derramados, não use produtos químicos; use somente papel para absorver o excesso e pano úmido, com sabão neutro ou de coco.

Evite lavar a peça em casa. Prefira, sempre, uma empresa especializada.

Evite colocar vasos com plantas sobre o tapete, mesmo protegidos por pratos, pois o material orgânico em contato com a umidade sofre um processo de deterioração 

Mantenha o ambiente sempre ventilado.

Tapetes Orientais:

Tradicionalmente, a expressão tapete oriental tem sido usada para definir tapetes artesanais (com nós feitos a mão) produzidos na região da antiga Pérsia. Durante o século XIX o tapete oriental tornou-se de grande valor como obra de arte. Por sua rica história, seu colorido e motivos, ele muitas vezes é chamado de "o aristocrata dos tapetes". O processo de confecção envolve esticar os fios sobre um tear e ir amarrando em nós esses fios, quando uma fileira esta pronta, inicia-se outra. A precisão do desenho depende de como o tapete foi tecido e em que quantidades os grupos de fios foram amarrados. Quanto mais nós, melhor a qualidade do tapete. Um tapete oriental pode ter mais de 500 nós por centímetro quadrado. A arte de dar nós e de tecer os tapetes e as mantas foi uma criação clássica dos povos nômades. Para o nômade, o tapete não tinha só a função decorativa, mas também utilitária, pois servia de cobertura para o chão, divisão de ambientes, cortinas, proporcionando maior conforto às tendas. Tendo em vista que os tapeceiros nômades eram forçados a desmontar seus teares sempre que sua segurança era ameaçada por elementos naturais ou inimigos humanos, suas criações refletiam as incertezas de sua vida. Os nômades andarilhos, com esse tipo de vida acabaram divulgando a arte de tecer tapete para novas terras e povos. Alguns dos maiores centros de tapeçaria surgiram na Pérsia e na Turquia. Entre as comunidades sedentárias, os tapetes alcançaram novas funções, como cobrir as áreas sagradas das capelas funerárias e das mesquitas, mostrar a riqueza e o bom gosto dos mercadores e príncipes, e proporcionar matéria de exportações lucrativas para a Europa. O berço da tradição da tapeçaria engloba Turquia, antiga Pérsia, região do Cáucaso, Rússia Turcomena e Afeganistão. Hoje, os herdeiros da arte persa do século 16 estão em Tabriz e Isfahan, no Irã, e também em Kashmir (disputado pela Índia e pelo Paquistão) e em Hereke, na Turquia. Outros importantes centros são Hamadan, Nain e Qashqai, no Irã, e Bekhara, no Paquistão, além do Tibete, da China, da Romênia, da Índia, da Armênia e de outros pontos do Paquistão e da Turquia. Os tapetes são sempre batizados de acordo com o local onde se iniciou sua produção ou com a tribo que os criou. Atualmente, no entanto, a nomenclatura tem mais a ver com estilo que com geografia, já que os modernos são basicamente réplicas. O Irã, hoje, é o maior representante desta tradição, tendo preservado e tornado uma de suas principais divisas econômicas, empregando mais de dezoito milhões de pessoas no comércio, distribuição e tecelagem de tapetes neste pais. Mais de 80 regiões do Irã produzem tapetes, e cada uma confere seu estilo próprio.

A história das carpetes do Oriente perde-se nos trilhos da História, nas tribos de caçadores do Próximo Oriente. Elas não eram tecidas, eram apenas as peles de animais caçados, as mesmas que cobriam as vergonhas do corpo e que foram empregues para impedir a passagem do frio nas cavernas.

Com os pastores/agricultores surgem os tapetes tecidos manualmente, visto que, com a domesticação dos animais estavam reunidas as condições para que tal processo se desenvolvesse.

Em 1949, uns arqueólogos soviéticos encontraram o Pazyryk, um tapete datado do séc. V ou IV a.C e que enquadra, nas suas cinco barras, um desenho relativamente sofisticado; a barra mais longa ou principal, tem nela desenhado um homem a cavalo, uma outra recebeu os contornos de um veado e o campo central é ornamentado com o motivo de quatro folhas. 
      
Foi durante o império Safávida (1501-1723) que as tapeçarias persas atingiram o seu maior esplendor tanto, em qualidade como em desenvolvimento. Em termos dos desenhos, eles inspiram-se no estilo curvilíneo que emergiu da corte de Timúrida em Samarkand.

Há registos de manufacturas imperiais em Kashan e Isfahan que se tornaram em importantes centros de fabrico de tecidos e tapetes de seda. Kashan esteve desde cedo associada à criação de carpetes com pêlo de seda porque foi o primeiro centro persa produtor de seda.

Herat foi a maior cidade do Oriente durante o período Safávida, e é a ela que se faz a maioria das atribuições. Contudo, muitas das peças tradicionalmente rotuladas como sendo originárias de Herat foram, na verdade, tecidas na Índia segundo o estilo clássico da Pérsia que ali foi prolongado como um legado da pródiga corte de Timúrida do século XV.

Na Pérsia, Anatólia e Índia houve uma crescente produção de carpetes durante os séculos XVI e XVII, seguidos de um relativo decréscimo no século XVIII, durante o qual deixaram de ser considerados como os principais centros de produção de carpetes de estilo imperial.

Os monarcas deixaram de patrocinar as manufacturas de produção de carpetes, mas o declínio ficou essencialmente a dever-se à invasão da Pérsia pelo Afeganistão. A confusão que se instalou no império Otomano, juntamente com a pressão europeia, levou a governo central desorganizado e corrupto.

Com o rompimento dos contactos estrangeiros e a perda de influência nos mercados, não havia o suporte económico para produzir mais carpetes do que aquelas que as necessidades locais exigiam. Deste modo, a arte regressa às suas origens, ao modelo de produção familiar.

Um mito do eterno retorno que se vê renascer na primeira metade do séc. XIX e que se rege, hoje em dia, por princípios bem diferentes daqueles que orientaram este negócio em tempos áureos.

terça-feira, 5 de outubro de 2010



O crochê, que foi trazida pelos imigrantes italianos que chegaram ao local para se dedicar à agricultura, se tornou a principal fonte de renda da maioria dos moradores(Sul de Minas Gerais). Os artesãos da cidade começaram a produzir as primeiras peças de crochê quando o sustento familiar, proviniente sobretudo da agrocupecuária, era ocupado somente por homens e as mulheres ficavam em casa, com as tarefas domésticas e a produção do crochê artesanal. O tempo foi passando, as mulheres conquistando o mercado de trabalho e tornando-se empreendedoras. Tem gente que está deixando outras profissões para se dedicar ao trabalho de tecer. Quarenta por cento da arrecadação com impostos no município vem do crochê.
A produção é bem diversificada. São caminhos, toalhas de mesa, tapetes e roupas, como vestidos, saídas de praia e blusas, próprias para a época de calor. Mas também são feitos acessórios de inverno, como cachecol, ponche e xale.
Todas as peças são feitas à mão.
Grande parte das peças vendidas no comércio da cidade é produzida pelas crocheteiras em casa mesmo, enquanto fazem os serviços domésticos. O trabalho é contratado pelas fábricas que não dão conta de atender as encomendas.
Não é possível saber quantas pessoas e nem a quantidade de crochê produzida porque elas trabalham na informalidade.